Taxa Selic: o que diz a ata do Copom sobre a reunião de política monetária?
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O Banco Central (BC) divulgou a ata da última reunião do Copom, realizada em 7 de maio. Antes de analisarmos as mensagens presentes no documento, é essencial compreender o impacto da taxa básica de juros em nossa vida cotidiana.
A taxa Selic, definida aproximadamente a cada 45 dias, influencia diretamente a dinâmica da maioria das taxas do mercado doméstico. Ao ajustá-la, o Banco Central busca equilibrar a oferta e a demanda, visando controlar a inflação.
Embora o processo pareça complexo, seu mecanismo é relativamente intuitivo. Quando o Copom eleva a Selic, o custo dos empréstimos e a remuneração das aplicações financeiras aumentam, levando a uma redução do consumo. Com a demanda mais fraca, os preços tendem a recuar.
Por outro lado, em um cenário de inflação baixa, o Banco Central reduz os juros para estimular o consumo e os investimentos, incentivando o crescimento econômico e, consequentemente, pressionando os preços para cima.
Na ata divulgada, dois trechos merecem destaque. O primeiro refere-se à discussão sobre o balanço de riscos. O Comitê avaliou que o aumento da incerteza elevou tanto os riscos de alta quanto de baixa para a inflação.
Além disso, debateu-se se esse balanço permanecia levemente assimétrico, porém menos do que na reunião anterior, ou se já poderia ser classificado como neutro. Embora o Banco Central não tenha declarado explicitamente que enxerga o balanço de riscos como simétrico, a inclusão de três riscos de alta e três de baixa no último encontro sugere um maior equilíbrio entre esses fatores.
O segundo destaque diz respeito à análise dos vetores inflacionários, que continuam adversos. Entre os principais desafios, encontram-se a resiliência da atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho, as expectativas de inflação desancoradas e as projeções de inflação persistentemente elevadas. Esse cenário reforça a necessidade de uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado, garantindo a convergência da inflação à meta.
Por fim, a ata reafirma a mensagem já transmitida no comunicado anterior: “para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”.
Dessa forma, mantemos nossa perspectiva de que a taxa Selic permanecerá no atual patamar de 14,75% ao ano na reunião de junho. Além disso, acreditamos que os juros seguirão nesse nível por um período prolongado, com possibilidade de cortes no final de 2025 ou início de 2026, caso o cenário evolua conforme nossas projeções.